ESG E AGRESSIVIDADE FISCAL NAS EMPRESAS DOS SEGMENTOS DIFERENCIADOS DE GOVERNANÇA CORPORATIVA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.51320/rmc.v25i3.1558

Palavras-chave:

Agressividade fiscal, ESG, Governança Corporativa

Resumo

Muitas empresas lucrativas apresentam taxas efetivas de tributos abaixo da taxa legal, indicando a aplicação de planejamentos tributários agressivos. Por outro lado, o envolvimento em questões ambientais, sociais e de governança (ESG) tende a produzir padrões mais elevados de comportamento ético e de compliance com os regulamentos exigidos para as empresas, incluindo o atendimento aos regulamentos tributários. Neste sentido, este estudo teve por objetivo investigar a relação entre os indicadores de desempenho ESG e a agressividade fiscal das empresas brasileiras que compõem os segmentos de listagem diferenciados de governança da B3. A amostra foi de 55 empresas participantes do Nível 1, Nível 2 e Novo Mercado, para os períodos de 2017 a 2021. As métricas para ESG foram coletadas na base de dados da Refinitiv® e foram consideradas como métricas de agressividade fiscal a taxa ETR (Effective Tax Rate) e a ETR_DVA, essa última calculada com base nos valores dos tributos informados na Demonstração do Valor Adicionado (DVA). Foram realizadas regressões com dados em painel, e os resultados confirmaram a hipótese da pesquisa de que as práticas ESG reduzem a agressividade fiscal das empresas, com base na relação entre o desempenho ESG total e a ETR. No entanto, não se pode inferir influência significativa do desempenho ESG sobre a agressividade fiscal pela métrica ETR_DVA, exceto pela dimensão ambiental de ESG. Adicionalmente, considerando a dimensão governança de ESG, não se encontra evidência de que maiores scores do pilar de governança influenciem as práticas de agressividade fiscal.

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Biografia do Autor

Josy Rodrigues da Silva Peixoto, Universidade Federal de Goiás

Professora de Contabilidade, mestranda em Ciências Contábeis pela Universidade Federal de Goiás (UFG), membra do Centro de Estudos e Pesquisas em Contabilidade Financeira (CEPECONF), especialista em Gestão Financeira pela Unievangélica e graduada em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual de Goiás (UEG). Foi responsável técnica e coordenadora da equipe contábil de uma indústria farmacêutica de grande porte por 14 anos.

Carlos Henrique Silva do Carmo, Universidade Federal de Goiás

Doutor em Controladoria e Contabilidade pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA/USP (2014). Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC (2003) e Graduado em Ciências Contábeis pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás - PUC-GO (1999). É professor da Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Ciências Econômicas da Universidade Federal de Goiás - FACE/UFG (Desde 2006), onde exerceu a coordenação do Mestrado em Ciências Contábeis (2016-2020) e atualmente é Vice-coordenador do Mestrado em Ciências Contábeis (2022/2024). É coordenador de Pesquisa e participante do Centro de Estudos, Pesquisa e Extensão do Programa de Pós Graduação em Ciências Contabeis da UFG - CEPECONF, membro do Comitê Científico da divisão de Contabilidade do Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração - EnANPAD (Triênio 2021 a 2023) e membro da coordenação da área de Contabilidade Financeira e Finanças (CFF) do Congresso da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Ciências Contábeis ANPCONT. Diretor de Ensino de Pesquisa da Academia Goiana de Ciências Contábeis - AGOCICON (Biênio 2023 a 2024)Têm experiência nos seguintes temas: Contabilidade Societária; Contabilidade Internacional; IFRS, Regulação Contábil e Análise de Investimentos.

Lúcio de Sousa Machado, Universidade Federal de Goiás

Pós-Doutor (2019) e Doutor em Psicologia (com ênfase em Psicologia Organizacional e do Trabalho) (2016), pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO); Mestre em Controladoria e Contabilidade Estratégica (2005) pelo Centro Universitário Álvares Penteados (FECAP); Especialista em Auditoria e Análise Contábil (2001), pela PUC Goiás em convênio com o Conselho Regional de Contabilidade do Estado de Goiás (CRC-GO); Bacharel em Ciências Contábeis (1998) pela PUC Goiás. Na área acadêmica, é Professor Associado da Universidade Federal de Goiás (UFG) e foi professor efetivo do Instituto Aphonsiano de Ensino Superior por mais de 16 anos, e professor convidado em cursos de especialização e MBA de várias Universidades e Faculdades de Negócios (IPECON - PUC-GO, UFG, Aphonsiano, UFU, UniRV, dentre outras). Na área técnica, foi gerente e sócio em Sociedades de Auditoria, Consultoria, Serviços Contábeis e Treinamento (20 anos), desenvolvendo trabalhos de Auditoria Contábil, Fisco-Tributária e de Controles Internos, Treinamento e Consultoria em Contabilidade Societária. Tem interesse em pesquisas que abordem temas relacionados à Contabilidade Financeira (Contabilidade Tributária, Auditoria Contábil, IFRS), Controladoria e Clínica Psicodinâmica do Trabalho.

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Publicado

2024-12-30

Como Citar

Rodrigues da Silva Peixoto, J., Silva do Carmo, C. H., & de Sousa Machado, L. (2024). ESG E AGRESSIVIDADE FISCAL NAS EMPRESAS DOS SEGMENTOS DIFERENCIADOS DE GOVERNANÇA CORPORATIVA. Revista Mineira De Contabilidade, 25(3), 23–36. https://doi.org/10.51320/rmc.v25i3.1558

Edição

Seção

Artigos científicos: